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Transgêneros no esporte

Atualizado: 27 de mai. de 2020

Por Nathali Coelho


As diferenças entre jogadores até então têm sido algo normal e até competitivo quando se trata de homens e mulheres cis. Mas quando é sobre pessoas trans, não-binárias e intersexo a realidade é outra, a de suposta desvantagem e roubo. O que é cis, trans, não-binárias e intersexo? Trans ou transgêneros são aqueles que não se identificam com o gênero ao qual eles nasceram. Cis são todos os outros que se identificam com seu gênero de nascença. Não-binárias são aquelas que não se identificam nem com o gênero feminino, nem o masculino, podendo oscilar entre eles. E, intersexo é o termo usado para pessoas que nascem com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino.


Quando a pauta se trata de desempenho físico entre os sexos, e as vantagens e desvantagens que isso pode trazer dentro da competição, os principais fatores em questão são: massa muscular, que homens tem em média 35% a mais do que as mulheres, e a altura, onde os homens são em média 12 cm mais altos. Entretanto, as diferenças vão muito além disso, esportes com as pernas, mãos, braços, pés, barriga, pulmão, coração etc. (constatando um corpo e não uma identidade de gênero ou sexo) além da profissionalidade que inclui práticas e conhecimento em técnicas, estratégias, habilidades, treinamento, inteligência, força e garra. Alguns esportes vão recomendar mais força, outros exigirão mais técnicas, e alguns velocidade.


Em entrevista concedida ao Jornal Futura, a antropóloga Ana Paula da Silva acredita que a vida esportiva é parte integrante da sociedade e, por isso, os preconceitos e normas estabelecidos na vida social também aparecem nesse meio. “Se a sociedade ainda tem racismo, homofobia, preconceito contra mulheres, índios e minorias religiosas, é óbvio que o esporte também vai reproduzir esses preconceitos”, afirma.


Em outubro de 2003 um comitê médico do COI discutiu sobre o caso dos atletas que fizeram a readequação sexual. Decidindo que os indivíduos que tivessem a mudança de sexo (completa) antes da puberdade poderiam jogar de acordo com o sexo que eles se identificam. Já os indivíduos que fizeram a mudança de sexo depois da puberdade, só serão elegíveis para participação em competições femininas e masculinas, nas seguintes condições:

  • Mudança anatômica cirúrgica completa, incluindo genital interna e

  • externa;

  • Reconhecimento legal das autoridades do país;

  • Terapia hormonal apropriada e por tempo suficiente para que as

  • vantagens relacionadas a gênero sejam minimizadas.

E, na opinião do grupo, isso não pode ser feito antes de dois anos depois da mudança de sexo.


Mesmo com variação natural de testosterona tanto em homens quanto em mulheres, são aceitas para competição em equipes femininas apenas mulheres trans que tenham o nível de testosterona igual ou abaixo do nível das mulheres cis.



Avanço nas regras do COI


Contudo, a terapia hormonal não é considerada dopping. Lembrando que o dopping, segundo o COI, é a substância que pode melhorar sua performance, causar dano, ou violar o espírito esportivo.


A competição de atletas transgêneros nas olimpíadas foi permitida em 2004, logo após as regras do COI serem implantadas, ocorrendo de fato a competição de um trans apenas nas olimpíadas de 2008.


Com esse avanço certos atletas ganharam visibilidade e reconhecimento, como o caso da golfista dinamarquesa, Mianne Bagger, no tour profissional europeu feminino, a lutadora de MMA, Fallon Fox, que enfrentou o preconceito de outras lutadoras e até comentaristas do UFC; e também feitos históricos como o de Chris Mosier do duathlon, primeiro transgênero a ser convocado para uma seleção norte-americana, e que chegou a estrelar uma campanha da Nick.


Em 2015, a médica física do Portland Medical Center, atleta de longas distancias e transgênera, Joanna Harper, publicou uma pesquisa mais detalhada sobre o impacto da transição hormonal no desempenho esportivo.


Ainda em 2015, o COI reuniu Joanna e mais 19 especialistas para discutirem mais uma vez a questão. No início de 2016 foi publicado o novo consenso com as regras atuais para atletas trans em competições oficiais. Ele elimina a obrigatoriedade da cirurgia de redesignação de sexo.


A decisão do COI gerou e ainda gera muita polêmica, porém é também “uma decisão que abre espaço à uma parcela da sociedade que sempre foi excluída de quase tudo”, comenta a atleta de vôlei, Isabelle Neres.


Embora haja pouca tradição na inclusão desta população nas ações esportivas, o Comitê Desportivo LGBT do Brasil em parceria com a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo decidiram criar um evento multiesportivo e inseri-lo dentro da programação oficial da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo em 2017. O 1º Jogos da Diversidade LGBT inspirado nos Gay Games, as “olimpíadas LGBT mundiais” que ocorre desde 1982 em diferentes países.


Outros eventos também são realizados nos mesmos moldes, tanto de abrangência internacional quanto nacional. Eventos, em sua maioria, criados para celebrar a diversidade através de competições esportivas saudáveis entre os membros da comunidade LGBT.

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