A diversidade de gênero em nossa sociedade vêm crescendo cada dia mais,
isso graças aos movimentos, e manifestações de pessoas que defendem o grupo
LGBTQIA+
Por Gustavo Boschetti
Em 28 de junho de 1997, teve a primeira Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que reuniu cerca de 2 mil pessoas, um número muito pequeno comparado a hoje. Na época, fazer parte do grupo LGBT era ainda mais difícil do que é hoje, os homossexuais brasileiros não podiam se casar, adotar filhos ou trocar o nome na identidade. E com o passar dos anos, tudo isso mudou, além de conquistarem esses direitos, o evento se tornou o maior do mundo em 2017, 20 anos depois.
Em 2015 foi quando os blocos de Carnaval LGBT começaram a aparecer, dando uma nova cara para o carnaval de rua, mais precisamente com o bloco " Meu Santo é Pop", onde DJs tocaram músicas de divas do pop,dando às pessoas seu momento de liberdade, de respeito e de voz na sociedade. Porém muitas pessoas não sabiam ainda desses blocos, coisa que mudou muito de 2017 em diante, quando esses blocos estouraram, junto com os demais, e tiveram grande divulgação na internet.
Diego Gabriel Siqueira de 17 anos que é trans gay, e que está sempre presente, conta um pouco sobre a importância desses eventos e como eles ajudam as pessoas a não se sentirem sozinhas, se sentirem acolhidas e fazer amizades com pessoas que as entendem: " Na maioria dos lugares não podemos ser nós mesmos, sempre somos uma minoria e acabamos nos sentindo, talvez meio sozinhos e a comunidade LGBT possui sua própria cultura, a qual nos fazem sentir confortáveis, como quando toca músicas que a cantora ou o cantor é LGBT e que além dos artistas nos representarem, muitas dessas músicas possuem letras que nos representam também".
Rodrigo Martins de Brito de 22 anos, também cita a importância que existe para essa comunidade, destacando que nos bloquinhos, eles estão saindo para se divertir assim como faziam antigamente porém dessa vez mostrando quem são de verdade e com algo organizado por eles próprios. E conta que a parada tem um significado enorme para eles, pois mostram para a sociedade que eles não aceitam mais viver nos armários e que lutam por respeito, mostrando a força e união que elestêm.
Porém sempre que tem esses movimentos e principalmente a Parada Gay, surgem muitos comentários e matérias na internet, e nem sempre são positivas sobre o que acontece.
- Eu poderia falar sobre vários comentários negativos que vejo na internet porém prefiro me atentar aos positivos, a parada LGBT de São Paulo, que por sinal fui 3 anos consecutivos, faz com que nosso país se destaque na comunidade LGBT pelo mundo por sua organização e participação de milhares de pessoas. Precisamos de representatividade, mostrar que existimos e que negar nossa existência é retrocesso. Diz Rodrigo.
- A repercussão para as pessoas de fora é de uma forma negativa, todos acham que esses eventos só possui drogas, sexo explícito, que realmente existe, ninguém foca na parte bonita do evento, na parte da luta, do acolhimento, da liberdade, da felicidade. Acrescenta Gabriel.
Além das pessoas que fazem parte do grupo LGBTQIA+, muitas mulheres também participam desses eventos, muitas vezes acompanhando seus amigos(as) e também procurando um ambiente para se divertir e ser respeitada. Na sociedade em que vivemos, as mulheres ainda veêm muito do machismo enraizado e sofrem com isso.
Rafaella Caroprese de 20 anos conta um pouco como é essa diferença de poder curtir dentro de um evento LGBT. " A gente sofre algumas coisas como não poder usar algumas roupas, assédio e violência. E participar de um bloco desses, assim eu estando nesse lugar, onde é o único lugar de fala que eu tenho, é confortável, porque a gente pode curtir, dançar e ter tranquilidade, porque sei que não vai ter alguém que vai me perturbar, me assediar, que vai abusar de mim. O foco desses blocos é de trazer tranquilidade para as pessoas que querem curtir o carnaval, curtir uma época de festividade". Ela acrescenta que lá é muito respeitoso: "Se alguém chega em você, e você fala não, a pessoal pede desculpas e vai embora".
Orgulho e luta; O respeito está acima de qualquer "parada"; Love is Love; O amor não tem opção sexual, o amor acontece; Respeitar é um dever de todos; essas são algumas frases de destaque da Parada Gay e dos movimentos LGBTQIA+, porém nem sempre depois desses eventos há uma melhora na sociedade em relação à respeito.
Assim como Gabriel conta que eventos assim mostram para as pessoas que eles existem, que são muitos e que não vamos ficar calados diante esse preconceito que ainda existe, e que vão ser felizes do jeito que são, Rodrigo vê esses eventos como uma amostra da força e da união que eles têm, mas acrescenta : "infelizmente quanto ao respeito eu não posso afirmar que vejo uma melhora, acredito que muitas pessoas esperam só um momento para nos atacar e não o fazem por medo, nesse caso não seria respeito e sim medo de ver um grupo contra ela."
E a Parada Gay de 2020 defende isso mais uma vez, agora com o tema sobre Democracia. "Sejamos o pesadelo dos que querem roubar nossa Democracia”.